quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Paz pra que te quero



Toda vez que surge o assunto violencia, geram-se polemicas, discursos são feitos por uns, o silencio é mantido por quem prefere não se omitir, mas (tentar) esquecer.
Violencia e paz. Tão diferentes, tão opostas, mas encontram-se juntas no mesmo pensamento de quem vivencia um momento de guerra.
A paz, seja ela qual for, está sempre idealizada em nossas mentes, sempre desejada para o alivio, logo, uma solução.
Devemos lembrar que a paz não se mantem sozinha, ela precisa de alguem que a fortaleça, que a provoque. A paz não é espontanea, não é a toa que há tantos anuncios e tantos gritos em seu chamado. Morre-se por ela.
E a paz de espirito? Ah, ela é mais individualizada, precisa de poucos meios, e está ligada principalmente a quem a espera. Basta-se uma forcinha de vontade, basta a procura.
Independente de sua origem, a paz nos conforta, nos alivia, traz descanso. (Preciso muito!)
Dizem que não há nada como amar, mas também não há nada como um momento de paz.
Diante de toda violencia, de tanto esforço fisico e emocional que o social exige do nosso dia-a-dia, precisamos mais que amor, precisamos de paz.
Um descanso para as guerras.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Menos canções de amor



Acho engraçado como as músicas, filmes e tudo o mais que estão ligados a idéia do amor estão cada vez mais sensacionalistas. Bem, desde que o mundo é mundo essas crenças tomam o seu espaço, Shakespeare que o diga.
Quantas músicas conseguem mudar nossos humores em segundos, despertar saudade que achávamos não existir mais, ou de inventar histórias...
Os filmes, tão fantasiosos, quase nada realistas. Mas conseguem gerar lágrimas, emoções.. ilusões. Não é a toa que há tantas decepções amorosas.
As pessoas querem histórias de cinema, amor à primeira vista, mas esquecem do valor das atitudes, da realidade que as espera, esquecem de desligarem-se da telinha, esquecem de si mesmas. Abrem as portas para a decepção.
O coração, coitado, está disponível, sempre aberto. Mas esquecem os olhos fechados.
Não estou aqui para julgar o modo de vida de ninguém, não discordo nem desacredito em histórias (reais) de amor. Mas acreditem, amores de novela são poucos.
Se todos resolvessem "cair na real", e se afastassem dessa onda de ser amado o tempo todo, as pessoas conheceriam menos decepções, seriam talvez mais felizes. Esqueçam a intensidade, já dizia o ditado "Quanto maior o vôo, maior a queda".
Esqueçam canções de amor.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Dizem que com o tempo passa.( E passou!)




Hoje vou atualizar com um texto meu em um momento em que apenas as nuvenzinhas cinzas habitavam sobre minha cabeça, quando pensei em nada ter razão. Deixo esse momento resgatado aqui, pois felizmente já não faz mais parte de mim. Foi-se junto com as nuvens e com a sua falta de sentido. (Graças a Deus!).

"Eu não devo nada a ninguém.
Tento não ser leviana com o coração dos outros, amo tudo que eu faço.
Procuro ser sempre otimista. Ajudo quem procura a minha ajuda. Se errei, foi por amor, foi pelo coração.
Não desejo mal a ninguém. Eu rezo por quem já se foi.
Eu recebo quem não conheço de braços abertos, e meu coração é dividido em partes para cada pessoa a quem eu amo.
E quando tudo parece errado? Quando minha força mostra-se incapaz, quando meus sacrificios tornam-se insuficientes?
Quando minhas escolhas procuram sempre a direção contrária.. Quando, enfim, não há mais saída.
Ouço que com o tempo passa. Mas aconselhar é mais facil que ouvir. É mais fácil que aceitar.
Li uma vez, em algum texto, que "Deus inventou as lágrimas para o homem não explodir".
Eu não explodi, mas me sinto em pedaços. O choro alivia, mas nem sempre é solução.
Já rezei, já chorei, já pedi, já tentei. Resta-me esperar, mesmo que uma espera longa e sofrida.
É, dizem que com o tempo passa."

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Eu sei, mas não devia.

Hoje vai um texto que gosto muito, de Marina Colasanti.

"Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma e não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.

A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto.

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.

A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma."

domingo, 17 de outubro de 2010

Ame.





Declarações, poemas, depoimentos, ligações, palavras. O que de fato melhor exprime o amor?
Amor vai além de cartas. Vai além de agrados, vai além de anos de convivencia, vai além do que se diz.
Dificil é sua definição, tao quanto sua forma de expressão.
Amor é um abraço, um beijo, um olhar. Amor, é apenas pensar.
Não ama quem se entrega a palavras, quem se entrega somente ao presente. Ama-se conjugando o passado, o presente e o futuro.
Pessoas "amam" amigos que mal conhecem, parentes que mal se vêem, amores de uma noite, de umas férias...
Amar é dividir, é viver, conviver, é olhar, pois ama-se também com os olhos. (E com os ouvidos!)
Amor está em atitudes, pensamentos, sonhos, verdades, prazeres e angustias. Está na arte de cuidar, de ajudar, de ouvir.
Ouvir mais do que falar.
Seja mais amor, seja menos promessa. Não torne-se divida no coração de alguem.
Ame apenas. Sustenta a vida, ultrapassa barreiras, supera decepções.
Só o amor é capaz de renascer dentro de nós, apesar de todas as suas limitações.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Um pouco de sanidade



Minha primeira visita ao hosptal psiquiátrico. Nada comum. Nada anormal. Ao redor dos corredores, pessoas, pacientes. Doidos como eles, gente como nós.
Infelizmente, não tive a oportunidade de estar em todos os setores, visualizar outros horizontes. Mesmo assim, me impressionou, me surpreendeu.
Minha visão, meu pensamento, não são os mesmos. O louco não me parece assim tão diferente, bizarro. (Tabom, depende de quem vê). Não o vejo mais assim.
São pessoas com problemas. Cada qual com o seu. E bastou-se um primeiro surto: estão lá.
É certo que muitos não fazem parte mais da nossa realidade, das mesmas atividades que nós, e da mesma filosofia de vida que a nossa também. Para eles, é um "mundo", para nós, é um mundo à parte do nosso. Todos no mesmo universo. Complicado? Deixemos teorias de lado.
No meu primeiro contato com "loucos", não me assustei como pensei que aconteceria, talvez tenha sido apenas um dia mais tranquilo. Pra dizer a verdade, não sei.
Mas ao estar diante e, entre essas pessoas, me senti cercada apenas por pessoas com problemas. Problemas diferentes, problemas iguais.
Surgiu-se uma compreensão: todo louco tem um pouco de sanidade.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Esforço 100 medidas



Hoje quando acordei me determinei a um objetivo: não me atrasar. Saí mais cedo que o de sempre, esperei minutos a fio durante o trajeto até o hospital, onde finalmente cheguei. Na hora! Estúpida fui eu em cair na tentação do elevador, aquele que sempre zomba de nós, pobres acadêmicos a espera de um sinal.
Resumindo, esperei tanto o infeliz chegar, que cheguei atrasada e fui "punida" por isso. Dez minutos de atraso na ficha de avaliação individual. Justo? Não sei.
Todo dia é sempre corrido, estão sempre exigindo tanto de nós, como se a prática já fizesse parte da nossa rotina há anos, como se a obrigação em aprender justificasse a cobrança em mostrarmos sempre perfeição.
Não sei se quando eles foram ensinados e avaliados, foram também dessa forma. Não sei e não importa.
Aliás, uma boa postura também pode esconder um mundo de dúvidas e aflições, nada expressas, pelo simples medo de errar.
O melhor método a ensinar. O melhor método a aprender. O melhor método a compreender.
Compreender. As vezes, é o que basta. Descarta dúvidas, melhora a comunicação, salva a alma.
Que alguns desses que possuem o belo poder de avaliar, julgar e ensinar (por melhor ou pior que seja a técnica de ensino), também aprendam que a exigência desmedida pode fazer parte de um aprendizado, mas ao se tratar de pessoas e não apenas alunos, deve-se compreender. Compreender para avançar. Ficaremos livres para progredir.